Sobre este espaço

Este é um espaço destinado à reflexões acerca da memória, do tempo e de histórias.. Histórias de vida, histórias inventadas, histórias... Um espaço onde a imaginação possa fluir, viajar. Um espaço também para escrever sobre minhas reflexões referentes aos meus estudos sobre arqueologia e antropologia... Antes de mais nada, uma espécie de Diário daquilo que me impulsiona, um lugar para organizar (ou tentar) meus pensamentos.. antes que eles voem por aí.

Boa exploração!

Roberta Cadaval

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Identidade virtual

Naquela prática cotidiana do mundo contemporâneo, de verificar, responder e encaminhar e-mail, me deparei com a seguinte questão: a assinatura digital. Nas configurações de nossos endereços eletrônicos temos a opção de criar uma assinatura que acompanhe todos os e-mails que encaminhamos. Geralmente as pessoas colocam, junto a seu nome, seu status profissional. Professor, advogado, médico, psicólogo, etc. Nesse sentido, agora que estou atuando profissionalmente, pensei em repetir esta prática socialmente difundida. E lá fui eu: Roberta Cadaval ou Roberta de Souza Cadaval? Professora na Escola X? Antropóloga? Licenciada em Artes Visuais? Mestre em Antropologia? Aspirante a cantora? Terapeuta Reikiana? 

Eu sou/estou tantas coisas agora!
E neste instante eu pensei "quem sou eu"?

Eu "estou" professora neste instante. Mas eu me sinto antropóloga do mundo. Me sinto cantora sem instrução. Eu "estou" me constituindo terapeuta reikiana nesta existência. E além disso, eu sou mulher, sou mãe metaforicamente falando, sou curiosa e um pouco teimosa. Sou sonhadora, tenho alguns medos e estou feliz. Para quem destinam-se as minhas correspondências eletrônicas? Para o mundo todo. E para o mundo todo eu sou/estou essa porção de coisas. Nesse sentido, pensei em criar uma assinatura que compreendesse esse todo, mas imaginei que muitas pessoas não entenderiam. 

Diante da complexidade da essência, não existe um rótulo que me identifique.
Assim, transformei a intenção de criar essa identidade em propulsão para a reflexão que aqui se faz. 
 

Roberta Cadaval
Menina, mulher e velha
Fonte de luz e aprendiz de amor incondicional
Código Existencial: Experimentando o mundo
Planeta Terra

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Revisitando-me.

5 meses de inatividade. Postagens espaçadas por longos períodos. A vida com tantas metamorfoses. Períodos de menores explorações reflexivas. Pois bem. Com a utilização do facebook, dei-me conta que aos poucos tenho abandonado este espaço. Todo insigth criativo tem sido publicado nas redes sociais, principalmente pelo fato de lá, se tornar um local virtual um tanto "público". É bacana que as pessoas tenham acesso, mas, ao mesmo tempo, tudo se perde na maré das informações. Tanto de mim e do mundo compartilhei por lá. E para achar? Não é assim tão simples. Decidi, agora, retornar a este espaço que reúne um tanto de mim. Se ninguém vai ver já não faz diferença, mas é um lugar onde posso revisitar-me, sem um turbilhão de informações perdidas por aí. Farei assim: mesmo se postar algo que goste por lá, estará aqui também. Assim coleciono meus eu's que se espalham. Assim organizo-me, enquanto os relógios de areia não cessam seus movimentos...


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Aqui jaz um espírito de amor




As pessoas costumam frequentar cemitérios para "visitarem" ou prestarem homenagens à seus entes queridos que já partiram. Os cemitérios tem sua beleza, contam parte da história de uma cidade ou vilarejo. Mas são tristes. São frios. Desde criança eu frequento cemitérios. E em certo momento da vida, quando cursava a faculdade de arqueologia, cheguei a desenvolver um trabalho referente a um. Porém, estes rituais de passagem que acontecem dentro destes lugares, sempre me causaram dor. 

A morte, para mim, não existe. Não essa morte com ponto final, a qual muitos pregam na nossa sociedade. A vida existe para além deste lugar... e disso, eu não tenho dúvidas. Entender e sentir o que está entre a materialidade e a espiritualidade tem sido o norte e a força da minha vida, nos últimos anos. Eu tenho dito que a minha religião é a natureza. É onde encontro as respostas, sintonias e conexões das coisas da vida. É onde surgem as melhores perguntas. É onde tenho me encontrado. É onde há vida, mesmo após a morte. É onde reside a cura e onde Deus habita. Não aquele Deus de barba e cabelo branco. Mas uma energia suprema que habita o todo e está dentro de cada um de nós. 

Daqui a cinco meses, farão cinco anos que meu pai fez sua passagem. Desde então, ele tem me ensinado muito. Talvez mais do que em vida. O que ele deixou para mim, não pode ser materialmente explicado. No ritual de despedida que fizemos não houve aquela sensação claustrofóbica do engavetamento do corpo. O fim do ciclo material, para ele, se encerrou em um lugar cheio de vida, no mesmo lugar em que ele chegou a este mundo. Na árvore em que ele brincou durante a sua infância, a mesma que fez sombra para muitos chimarrões compartilhados com a família anos mais tarde, foi onde ficou a sua materialidade. Memórias, sonhos e nostalgias daquela imensa e linda Figueira, foram levadas em seu coração para além desse lugar. E é lá onde presto minha homenagem e faço aquelas simbólicas visitas a este ser que tanto amo. 

Ontem eu desejei abraçar o afeto dessas memórias. Era a saudade representada nesta árvore cheia de histórias. Foi tão bonito. A alegria tomou conta do meu ser. Ao chegar lá pedi licença ao Seu Adenir, caseiro do lugar há mais de 20 anos. Carinhosamente ele nos recebeu. Ao lado daquela árvore avistei uma linda cachorrinha amarela, sentadinha, devolvendo-me o olhar. Naquele instante recordei o amor que meu pai tinha pelos animais e senti que, se lá ele ainda estivesse, aquela companhia o agraciava. O céu estava lindo e as cores vibravam. Lembrei do dia em que nossa família despediu-se dele. Era um dia nublado, mas mágico. O fato de deixá-lo em liberdade afagava o meu coração. Evidentemente, uma liberdade física... e um tanto ilusória. Mas uma liberdade que transmutava aquela energia impressa no significado da morte. 

Abracei com todo o meu coração aquela árvore que ficava emoldurada nas paredes do quarto do meu pai, ainda em vida. Agradeci por aquele momento e mandei para ele os sentimentos mais nobres que pude sentir. Cheia de figos, essa figueira me acolheu em seus braços sutis. Eu não vivi essas memórias ao lado de meu pai. Não faço parte dessa história, assim como meus familiares. Mas eu cresci ouvindo tantas histórias de lá, que me sinto parte daquele lugar. Pude ver a infância de meu pai diante de mim. Pude ver os encontros e desencontros de meus tios,irmão e primos. Mesmo sem ter estado lá. 

De qualquer forma, visitar uma figueira é muito mais bonito do que visitar um cemitério. Ali, a morte se mistura com a vida, que pulsa sem parar. Ali é a certeza de que ele ainda vive. Materialmente, dentro das minhas memórias e também nas memórias que não vivi. Espiritualmente, num lugar ainda maior, o qual não posso mensurar... ainda. E o registro foi feito por aquela pessoa a qual ele me aconselhava para que eu jamais me afastasse, "nunca te afasta da Michele, ela é tua amiga mesmo". Ele referia-se à Cibele, amiga que ele tinha grande carinho, mas nunca deixou de confundir o seu nome. Ele via a essência e é isso o que importa. Quando ele partiu, estávamos indo juntas visitá-lo. Ontem esta visita se fez, de fato. 

Ontem eu senti que seu espírito está liberto. Esse sentimento encheu meu coração de alegria e satisfação. A saudade doeu um bocado, mas o amor e o aprendizado acolheram esta saudade. 

Gratidão ao universo, por me proporcionar estes encontros. 
Gratidão à Figueira, que me inspira e me afaga. 
Gratidão ao Seu Adenir, que nos recebeu de braços abertos. 
Gratidão à minha mana, que registrou esse momento. 
Gratidão ao meu amor, pelo abraço que se estendeu para além da Figueira. 
Gratidão à minha mãe, pela conexão com o meu pai que resultou no sentimento de libertá-lo naquele lugar. 

Gratidão à vida e a morte! 

Ahoo!

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Na estética das estações

Oito ou nove meninos brincando no trapiche, iluminados pela energia da lagoa que os circundava. Uma pequena garotinha pedalando, guiada pelo afago materno. Duas jovens correndo, radiantes de alegria. Cenas acompanhadas pelo mestre sol, que brilhava ao fundo de todo esse movimento. Eu desejava a minha companheira de registros do efêmero, naquele instante, mas a câmara não estava na bolsa. Sentia o cheiro da primavera ao volante e decidi que em palavras faria esse registro, mais tarde. Eis que aqui estou! Cutucando a lembrança, a luz daquele dia me inspirou. É a vida acontecendo, fazendo-se motivo de prosa, poesia ou canção. É do abajur a luz que ilumina essas linhas agora, compondo a silhueta dessa intenção. Cor de primavera, afago de verão, alegria de inverno, outono de inspiração! Está no chá que esfria. Na expectativa da conversa distante. Na memória da apreciação. Na estética das estações. A natureza movimenta a vida! A vida é a própria natureza em movimento! 

Que venham outros dias de poesia cotidiana, encher de sublimidade o meu coração!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Gratidão, pai!

De acordo com a forma como contamos o tempo aqui na terra e, mais especificamente, aqui no Brasil, ontem meu pai teria completado 77 anos de vida, caso ainda estivesse neste plano conosco. 
É o 4o ano que comemoro sua existência, na sua ausência física. 
Segunda-feira, dia 12 de maio de 2014... passei um dia tranquilo, em casa. Descansei e estudei bastante. Fui dormir mais cedo e expressei toda a minha gratidão pela existência deste ser que eu tanto amo. Agradeci tanto que senti meu corpo se elevar... talvez na vibração deste amor que eu tanto me concentrei para enviá-lo. 
Do tanto que eu já escrevi sobre/para ele, aqui deixo uma singela expressão de amor e gratidão, a qual já joguei para o universo na noite anterior... registro neste espaço porque o tempo devora as nossas lembranças...

E, mais uma vez, eu repito:

Pai, onde quer que estejas, que possas sentir todo o amor que te mando com tanta força. Se houver escuridão, que a luz desse amor possa te guiar para encontrar a paz. Se já houver luz, que possas apenas meditar e receber essa energia tão linda que te mando com todo o meu carinho. 


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Faxina Etérea

Diariamente as pessoas se preocupam em limpar a casa, organizar os instrumentos de trabalho, tomar banho, lavar a louça/roupa, etc. Chega a haver um excesso de cuidado higiênico com as coisas a nossa volta. Mas e as outras coisas que nos orbitam? Que não são palpáveis, como os nossos pensamentos, sentimentos e experiências espirituais? 
Esses conceitos, que referem-se à abstrações materiais, dão forma a todas essas coisas, mas geralmente esquecemos de faxiná-los. E essa é a limpeza mais importante!
Olhar para fora das redes sociais.
Olhar pra dentro, meditar, conversar consigo, fazer mentalizações.
Cessar o caos que circunda as ruas.
Cessar o caos interior.
Aprender a ouvir o vento, a chuva e todas as formas etéreas que nos rodeiam.
Reconhecer o acesso a si mesmo, aprendendo a ouvir-se.
Escutar a voz do coração e entregar-se às suas batidas.


Hoje é dia de faxina etérea aqui em casa... 
E que essa faxina vire exercício diário também.

Por mais amor.
Por mais fé.
Por mais paz.
Por mais gratidão.
Por mais luz.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

No exato instante agora

As consultas começariam às 14 horas. Para estar entre os 6 pacientes do dia era preciso estar lá bem cedo. 12h30 aproximadamente cheguei por lá e a feira que havia naquela rua estava desfazendo-se. A espera me levou a devanear... e desses devaneios a observar nasceu "no exato instante agora".


O tempo da feira em uma quinta gris 
Grisalho sorriso entre as cores do sol 
Um sopro leva as folhas secas 
Que sobrevoam as frutas da época 
A cidade não para e por ela só passa 
Laranja do céu, frutaria de paz 
Um vago efêmero instante do tempo no agora 
Agora que já foi antes e virou depois 
Apreciação que virou poesia 
No chão sinto o vento no agora 
A vasta grama pálida dança nervosa a minha frente 
Vestida de feira a moça ri no que passou e no que será
Bergamota, melão, abacaxi e banana 
Outono fez-se roupa no sorriso dela 
Um animal humano guiado por seu parceiro de quatro patas 
Cessa o passo e vê o preço do tomate 
A outra segue seu tempo blue, no firme passo do que há de vir 
A fila se completa em seis distintos universos 
E a feira continua a terminar seus trabalhos sem pressa 
Sem pressa aguardo a minha vez 
Sentindo a sábia espera 
No exato instante agora

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A minha poesia


A minha poesia adormeceu de mim.
Cansou dos meus tortuosos caminhos.
Despiu-se da minha dor.
Calou meu pranto.

A minha poesia devorou meus sentires.
Foi-se embora com minha perdição.
Deixou-me a procura de novas palavras.

Minha poesia quer voar para outros aromas.
Cessou as letrinhas do amor.
Perdeu o encanto de ser.

Cabe a mim encontrar outras linguagens que me transbordem.
Que seja em prosa.
Que seja em canção.
Que seja em conceito.
Mas que não deixe de ser.
De fazer palavras em mim.

Que seja uma poesia contemporânea.
Que seja o que dê conta de mim.
E do outro que não me cabe.

Que seja o novo que fale do velho.
O velho que conta o que foi.
Do que foi que agora já é.

Que não faça sentido e que do sentido balbucie as primeiras palavras.

A minha poesia já não é mais minha.
É do todo que anestesia o meu tudo.
É do tudo que tenho visto ou vivido.
Ou do pouco que tenho sentido.
De um pouco que é demais.
Por um muito que já deixou de ser.

Que a cura se revele nas palavras.
Ou que estas ajudem a curar.
Que possam ajudar um outro mundo.
E que um dia... Elas voltem a brilhar.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Aos tis.


A ti desejo as melhores formas. Os melhores aromas, cores e sintomas. Quero que a paz te transborde e que os inefáveis traduzam-te. Que o sublime te eleve e que vibres. Numa escala áurea do mais nobre sentimento. A ti, que não conheço e nem hei de conhecer. A ti que faz parte de mim. A ti que já compartilhei sorrisos. A ti que negligenciei. A ti que me ilumina. A ti que de amor colore minha alma. Aos tis daqui, aos tis de lá. Eis o que desejo a toda e qualquer criatura. 


terça-feira, 28 de maio de 2013

Sentimento dadá

Duas palavrinhas azuis. Dadaísmo que brota da essência de sentir em palavras. Do sentido que há, mas não precisa ser. Verbo fixo que troco pelo efêmero estar. Em estados e ebulições. Loucuras e contradições. Estou dadá, sou efêmera, eterna, em sublime aporia. Do sentido que é, mas não há. Está. Assim, sem fim, recomeço dadá.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Menina flor de goiaba

Para minha amiga, Helô Germany. 


Porque tu entende muito mais daquilo que toca do que aquilo que diz. E eu te escrevo o que me toca daquilo que toca tua alma. É do sentido do tato abstrato, invisível. Do afago ao coração. Escrevi pra ti, sem pretensão, daquilo que ficou em mim. 

 "Vinícius era mestre na arte de transformar dor de amor em poesia. Ela revelou a maestria de Vinícius nas dores do mundo. Descobriu a cura dentro dela mesma. Da estética que se fez experiência. Do corpo que se fez arte. Libertou-se das prisões inconscientes e materializou sonhos. Voou com a leveza de um passarinho, consciente da sua liberdade. A goiaba virou metáfora e dela o rosa verde se fez. Da leveza e da dor, rosácea mulher. Verde madura floresceu. Goiaba-flor. Menina, mundo, mulher."



Porque fazia tempo que uma leitura não me tocava tanto. 
Carlos Moscardini encantou a trilha desta viagem. 
Essa combinação acordou sentidos em mim. 
Eis minha singela homenagem!

Roberta Cadaval

Fotografia: Helô Germany

sábado, 15 de dezembro de 2012

Das tuas às minhas reflexões.

Hoje aconteceu uma coisa tão bonita pra mim. Fui reler umas coisas antigas escritas pelo meu pai e me deparo com uma reflexão que remete ao que tenho pensado e estudado no último ano. Há menos de um mês, em uma conversa com um grande amigo dele nesta existência, o Danilo, fui questionada sobre onde se encontrava o material bruto de todas as coisas que ele escrevia. Logo, expliquei que analisei cada pasta e tenho tudo muito bem guardado. Danilo compartilhou comigo a crítica que fazia ao meu pai, quanto ao fato de que ele não compartilhava suas pesquisas com o mundo e que achava que ele tinha muito a contribuir. Eu também acho, e disse para o Danilo que, para o meu pai, faltou o diálogo com os seus pares. Ele tinha um descontentamento muito grande com muitas coisas, dentre elas, a descrença na academia. Acho que ele contribuiu muito para o próprio amadurecimento espiritual, emocional. E não era o momento de compartilhar suas ideias com o mundo. Talvez seja um pensamento romântico da minha parte, pensar que eu posso dar seguimento em algumas das coisas que ele ainda pretendia. Não tenho a grandeza que, para mim, ele tinha. Mas tenho a humildade de dizer que sou movida a inúmeras curiosidades, provocadas por ele, sem que essa fosse a sua intenção. Neste sentido, compartilho aqui parte de um rascunho de pensamentos dele, intitulado "o lado sombrio do crescimento"... um rascunho que esboçou um sorriso na alma para mim, neste sábado.. para o novo ciclo que se inicia!


Uma das características predominantes das economias de hoje é a obsessão com o crescimento.  O crescimento econômico e tecnológico é considerado essencial por virtualmente todos os economistas e políticos, embora nesta altura dos acontecimentos já devesse estar bastante claro que a expansão ilimitada num meio ambiente finito só pode levar ao desastre. A crença na necessidade de crescimento contínuo é uma consequência da excessiva ênfase dada aos valores yang - expansão, auto-afirmação, competição - e está relacionada com as noções Newtonianas de espaço e tempo absolutos e infinitos. É um reflexo do pensamento linear, da crença errônea em que, se algo é bom para um indivíduo ou um grupo, então quanto mais desse algo houver, melhor será. Rockefeller afirmou em 76: "mais crescimento é essencial para que todos tenham condição de melhorar sua qualidade de vida." Isso não se refere a qualidade de vida e sim, ao padrão de vida que é equiparado ao consumo material.

A visão cartesiana mecanicista do mundo tem exercido uma influência poderosa sobre todas as nossas ciências e, em geral, sobre todo o pensamento ocidental. O método de reduzir esses fenômenos complexos a seus componentes básicos e de procurar os mecanismos através dos quais esses componentes interagem tornou-se tão profundamente enraizado em nossa cultura que tem sido à miúde identificado com o método científico. Pontos de vistas, conceitos ou ideias que não se ajustavam à estrutura da ciência clássica não foram levados a sério e, de um modo geral, foram desprezados, quando não ridicularizados. 

Em consequência dessa avassaladora ênfase dada à ciência reducionista, nossa cultura tornou-se progressivamente fragmentada e desenvolveu uma tecnologia, instituições e estilos de vida profundamente doentios. O excessivo crescimento tecnológico criou um ambiente no qual a vida se tornou física e mentalmente doentia. Ar poluído, ruídos irritantes, poluentes químicos, riscos de irradiação e muitas outras fontes de stress físico e psicológico passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. (...)

Eroci Cadaval


Dentro da academia eu me proponho extrapolar os seus muros e demonstrar outras formas de pensamento e conhecimento tão importantes quanto o pensamento científico. Sem saber que meu pai já havia pensado sobre isso, meu percurso foi me guiando a buscar compreender os tipos de saberes que são construídos, dentro e fora da academia, quanto aos sistemas de cura. Ouvir, de certa forma, o meu pai neste momento, me impulsiona a seguir adiante. Queria tanto poder compartilhar minhas reflexões, meus questionamentos e minhas angústias com esta pessoa que tanto admiro, mas compreendo que a sua não presença física faz parte do meu amadurecimento por buscar sozinha as respostas que tanto busco. É para isso que fazemos pesquisa. E penso que, é para isso também, que ele escreveu tanto. Tanto que não pode ser compartilhado com o mundo, mas que foi o tesouro que eu pude encontrar. Farei todo o possível para não deixar nossos pensamentos e resultados de pesquisa na gaveta, pai! Das tuas às minhas reflexões, um encontro filosófico e espiritual se fez! 

ps.: As fotografias são os registros do registro escrito do pensamento dele. Infelizmente não tem registrado o ano em que essas reflexões foram fixadas ao papel. 



domingo, 21 de outubro de 2012

No afago do teu canto, eis o meu (en)canto.

É... minha amiga, minha irmã, minha cúmplice, minha confidente. Minha companheira de tantas aventuras da alma e do coração. Na última semana nos encontramos em diferentes momentos e, confesso, foi difícil conter a saudade que gritava no meu peito. No primeiro encontro, pensava que, em um tempo em que compartilhamos tanto, escutava teu cantar que agora lateja em mim ao escutar outros cânticos que me remetem ao teu. Depois... os suspiros provocados pela foto da Marina. Logo.. o teu cheiro que invadiu a minha alma e agitou a minha percepção através da presença da doce Gitana. As paisagens de um entardecer na janela me fizeram chorar... por pensar, por lembrar, por sentir.. por querer tanto que estivesses aqui. Em um fim de domingo que encerra a semana dos nossos constantes encontros, eis que minha querida amiga Letícia me revela teu cuidado carinhoso. Através de um simples e bonito objeto envolvestes um canto de paz. Agora sei o que querias me dizer. Sinto tanto e entendo. Continuarei buscando os caminhos que tem coração, querida Mila. Tua ilustre presença me ilumina e, por mais que a saudade doa, me fortalece para seguir firme! A ti dedico esta canção.. que sei que é o que cantas para mim, agora! ♥

 ♫ And all the time I know.. Plant your love and let it grow. Let it grow, let it grow. Let it blossom, let it flow. In the sun, the rain, the snow. Love is lovely, let it grow (...) Time is getting shorter and there's much for you to do. Only ask and you will get what you are needing. The rest is up to you. Plant your love and let it grow! ♫



Além do que a música nos diz, essas imagens manifestam a tua presença na forma mais pura! É onde te vejo, onde te encontro: Neste todo absoluto, nas transformações e mudanças das estações. No ar, no mar, no cheiro das flores, nas cores que vibram, no amor que eu sinto! OM PAZ! AMOR MILA! 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Às crianças da minha vida!

Mais um “dia de alguma coisa” se aproxima. Dessa vez, o dia das crianças. E então eu paro um pouco pra pensar no que a palavra “criança” evoca em mim. Tempo, brincadeira, eternidade, intensidade. Infância... um tempo em que a brincadeira é eterna, a realidade é feita de sonhos e o presente é vivido com intensidade. O tempo passa, o contexto muda, mas eu nunca vou esquecer das peraltices, dos joelhos ralados, das cartinhas trocadas, dos sonhos tão sonhados e das pessoas que fizeram da minha infância um lugar mágico e especial. É.. é disso que eu falo! De um lugar mágico e especial dentro de nós! Penso que ser criança compreende um estado de espírito. É quando a gente sabe apreciar o tom do amor, a vibração da cor, o brilho daquilo que se apresenta opaco. A simplicidade na complexidade e o acerto no erro. É quando mantemos uma conexão com as nossas essências e com a alegria de viver. Então eu aproveito para agradecer as crianças que, de alguma forma, já fazem parte de mim e da minha vida... e me ensinam muito! Marina, poema da dinda, que me ensina que a saudade não tem a ver com tempo, nem com distância, mas com a vontade de estar junto. Milena, um anjo que ganhei da minha amiga Amanda Elste, o sorriso dela me inspira e me ensina a ser cada vez mais leve, alegre e confiante. Jéssica, doce menina da titia, que me ensina a reformular minhas perguntas e desacomodar minhas verdades relativas. Júlia, pimpolha que chegou na minha vida de mansinho, me ensina que a vida é como uma bolha de sabão... e voa leve por aí. Tem também a menina serelepe que brinca comigo nos sonhos mais doces. É no sonho do sonho que te encontro, no desejo de que faças parte da minha vida. Tua alegria me encanta e me ensina a ser mais paciente, a esperar, sem expectativas, pelas coisas bonitas e verdadeiras que a vida nos traz. E o único menino, que me enche de alegria, Pedrinho: Gorducho da tia... o brilho do teu olhar delineado pelo sorriso que se desenha no teu rosto me ensina que a nossa noção de tempo é totalmente relativa, pois te observar é parar o tempo e sentir o encanto de viver. À vocês e as crianças que não citei mas que, distantes, também fazem parte da minha vida... dedico o Samba da Maria Luisa, de Tom Jobim!


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Te llevo dentro mío

Hoje fazem três anos que "mirei en tus ojos" pela última vez. Teus olhos com este brilho que cintila, que nos diz, que nos revela. Que nos faz brilhar também. Lembro da cena, do toque, do carinho. Lembro do presente, o perfume de lua azul. Lembro dos planos. Era noite e tu estavas com pressa. Mas a pressa não impediu que o gesto se fizesse e que a reciprocidade se estendesse. Tu partistes e no outro dia partistes para outro plano. O que fica é a saudade e a alegria de ter compartilhado tanto contigo! Querida Mila, onde quer que estejas, te llevo dentro mío!!


Quase como forma de oração, mais uma vez dedico a ti esta canção do nosso querido Jorge Drexler...

"Desde ahora mismo y aquí hacia donde quiera que estés, parte de mi alma parte a tu encuentro. Sabes que te llevo dentro mío igual que yo sé que tu me llevas dentro. Se trata de un leve pulsar que se abre camino hacia tí cruzando las estaciones, constelaciones, los momentos. Digo que esta vida es llevadera sólo porque sientes tú lo que yo siento. Donde tu estás yo tengo el Norte, y no hay nada como tu amor como medio de transporte. En este instante, precisamente, más canto y más te tengo yo presente, más te tengo yo presente."


O quê estes filmes têm em comum?

O quê estes filmes têm em comum?
"Le fabuleux destin d'Amélie Poulain", "Uma vida iluminada" e "Coisas insignificantes".