Sobre este espaço

Este é um espaço destinado à reflexões acerca da memória, do tempo e de histórias.. Histórias de vida, histórias inventadas, histórias... Um espaço onde a imaginação possa fluir, viajar. Um espaço também para escrever sobre minhas reflexões referentes aos meus estudos sobre arqueologia e antropologia... Antes de mais nada, uma espécie de Diário daquilo que me impulsiona, um lugar para organizar (ou tentar) meus pensamentos.. antes que eles voem por aí.

Boa exploração!

Roberta Cadaval

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Na estética das estações

Oito ou nove meninos brincando no trapiche, iluminados pela energia da lagoa que os circundava. Uma pequena garotinha pedalando, guiada pelo afago materno. Duas jovens correndo, radiantes de alegria. Cenas acompanhadas pelo mestre sol, que brilhava ao fundo de todo esse movimento. Eu desejava a minha companheira de registros do efêmero, naquele instante, mas a câmara não estava na bolsa. Sentia o cheiro da primavera ao volante e decidi que em palavras faria esse registro, mais tarde. Eis que aqui estou! Cutucando a lembrança, a luz daquele dia me inspirou. É a vida acontecendo, fazendo-se motivo de prosa, poesia ou canção. É do abajur a luz que ilumina essas linhas agora, compondo a silhueta dessa intenção. Cor de primavera, afago de verão, alegria de inverno, outono de inspiração! Está no chá que esfria. Na expectativa da conversa distante. Na memória da apreciação. Na estética das estações. A natureza movimenta a vida! A vida é a própria natureza em movimento! 

Que venham outros dias de poesia cotidiana, encher de sublimidade o meu coração!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Gratidão, pai!

De acordo com a forma como contamos o tempo aqui na terra e, mais especificamente, aqui no Brasil, ontem meu pai teria completado 77 anos de vida, caso ainda estivesse neste plano conosco. 
É o 4o ano que comemoro sua existência, na sua ausência física. 
Segunda-feira, dia 12 de maio de 2014... passei um dia tranquilo, em casa. Descansei e estudei bastante. Fui dormir mais cedo e expressei toda a minha gratidão pela existência deste ser que eu tanto amo. Agradeci tanto que senti meu corpo se elevar... talvez na vibração deste amor que eu tanto me concentrei para enviá-lo. 
Do tanto que eu já escrevi sobre/para ele, aqui deixo uma singela expressão de amor e gratidão, a qual já joguei para o universo na noite anterior... registro neste espaço porque o tempo devora as nossas lembranças...

E, mais uma vez, eu repito:

Pai, onde quer que estejas, que possas sentir todo o amor que te mando com tanta força. Se houver escuridão, que a luz desse amor possa te guiar para encontrar a paz. Se já houver luz, que possas apenas meditar e receber essa energia tão linda que te mando com todo o meu carinho. 


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Faxina Etérea

Diariamente as pessoas se preocupam em limpar a casa, organizar os instrumentos de trabalho, tomar banho, lavar a louça/roupa, etc. Chega a haver um excesso de cuidado higiênico com as coisas a nossa volta. Mas e as outras coisas que nos orbitam? Que não são palpáveis, como os nossos pensamentos, sentimentos e experiências espirituais? 
Esses conceitos, que referem-se à abstrações materiais, dão forma a todas essas coisas, mas geralmente esquecemos de faxiná-los. E essa é a limpeza mais importante!
Olhar para fora das redes sociais.
Olhar pra dentro, meditar, conversar consigo, fazer mentalizações.
Cessar o caos que circunda as ruas.
Cessar o caos interior.
Aprender a ouvir o vento, a chuva e todas as formas etéreas que nos rodeiam.
Reconhecer o acesso a si mesmo, aprendendo a ouvir-se.
Escutar a voz do coração e entregar-se às suas batidas.


Hoje é dia de faxina etérea aqui em casa... 
E que essa faxina vire exercício diário também.

Por mais amor.
Por mais fé.
Por mais paz.
Por mais gratidão.
Por mais luz.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

No exato instante agora

As consultas começariam às 14 horas. Para estar entre os 6 pacientes do dia era preciso estar lá bem cedo. 12h30 aproximadamente cheguei por lá e a feira que havia naquela rua estava desfazendo-se. A espera me levou a devanear... e desses devaneios a observar nasceu "no exato instante agora".


O tempo da feira em uma quinta gris 
Grisalho sorriso entre as cores do sol 
Um sopro leva as folhas secas 
Que sobrevoam as frutas da época 
A cidade não para e por ela só passa 
Laranja do céu, frutaria de paz 
Um vago efêmero instante do tempo no agora 
Agora que já foi antes e virou depois 
Apreciação que virou poesia 
No chão sinto o vento no agora 
A vasta grama pálida dança nervosa a minha frente 
Vestida de feira a moça ri no que passou e no que será
Bergamota, melão, abacaxi e banana 
Outono fez-se roupa no sorriso dela 
Um animal humano guiado por seu parceiro de quatro patas 
Cessa o passo e vê o preço do tomate 
A outra segue seu tempo blue, no firme passo do que há de vir 
A fila se completa em seis distintos universos 
E a feira continua a terminar seus trabalhos sem pressa 
Sem pressa aguardo a minha vez 
Sentindo a sábia espera 
No exato instante agora

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A minha poesia


A minha poesia adormeceu de mim.
Cansou dos meus tortuosos caminhos.
Despiu-se da minha dor.
Calou meu pranto.

A minha poesia devorou meus sentires.
Foi-se embora com minha perdição.
Deixou-me a procura de novas palavras.

Minha poesia quer voar para outros aromas.
Cessou as letrinhas do amor.
Perdeu o encanto de ser.

Cabe a mim encontrar outras linguagens que me transbordem.
Que seja em prosa.
Que seja em canção.
Que seja em conceito.
Mas que não deixe de ser.
De fazer palavras em mim.

Que seja uma poesia contemporânea.
Que seja o que dê conta de mim.
E do outro que não me cabe.

Que seja o novo que fale do velho.
O velho que conta o que foi.
Do que foi que agora já é.

Que não faça sentido e que do sentido balbucie as primeiras palavras.

A minha poesia já não é mais minha.
É do todo que anestesia o meu tudo.
É do tudo que tenho visto ou vivido.
Ou do pouco que tenho sentido.
De um pouco que é demais.
Por um muito que já deixou de ser.

Que a cura se revele nas palavras.
Ou que estas ajudem a curar.
Que possam ajudar um outro mundo.
E que um dia... Elas voltem a brilhar.

O quê estes filmes têm em comum?

O quê estes filmes têm em comum?
"Le fabuleux destin d'Amélie Poulain", "Uma vida iluminada" e "Coisas insignificantes".