Sobre este espaço

Este é um espaço destinado à reflexões acerca da memória, do tempo e de histórias.. Histórias de vida, histórias inventadas, histórias... Um espaço onde a imaginação possa fluir, viajar. Um espaço também para escrever sobre minhas reflexões referentes aos meus estudos sobre arqueologia e antropologia... Antes de mais nada, uma espécie de Diário daquilo que me impulsiona, um lugar para organizar (ou tentar) meus pensamentos.. antes que eles voem por aí.

Boa exploração!

Roberta Cadaval

terça-feira, 6 de julho de 2010

Envelhecer - sobre o processo de envelhecimento

Estava pesquisando uns livros da Simone de Beauvoir, sobre a velhice, e encontrei esta matéria na revista digital Partes... achei algumas questões interessantes e resolvi colocar aqui, para facilitar a consulta e para os interessados na temática. Quem quiser conferir no site de origem basta clicar aqui!
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Envelhecer com dignidade
Fátima Teixeira
 
A poucos dias, num programa de televisão participavam algumas pessoas, entre elas uma atriz que revelou estar com mais de 70 anos e uma jovem modelo de 20 e poucos anos.

A atriz, além de talentosa, mantém uma aparência conservada não demonstrando a idade real. A modelo, por sua vez, preenche todos os quesitos que definem os padrões de beleza para a sociedade atual.

Por vários momentos a atriz, de forma bem humorada, fez referência à sua própria condição como alguém que envelheceu e já não apresenta mais a sedução como arma feminina, colocando-se em franca desvantagem frente a beleza exuberante da modelo. Num determinado ponto da entrevista a atriz, sem esconder um certo tom de desprezo e ressentimento, expressou: "A velhice é indigna". Esta frase, com um forte componente negativo a respeito da velhice, nos instiga a refletir sobre a forma como foi construída a identidade do velho em nosso país. Toda a dificuldade, principalmente da mulher em enfrentar essa fase da vida, foi gerada por um padrão cultural de beleza poderosamente cruel. 

Até a década de 70, o Brasil foi considerado um país de jovens. Nessa ocasião, as próprias características demográficas da população brasileira foram utilizadas pela ideologia do regime político vigente, para reforçar a idéia discriminatória em relação ao velho. Assim, a imagem da velhice, presente no imaginário das pessoas em geral, foi se impregnando de valores estigmatizadores, nos quais foram evidenciados os aspectos negativos do envelhecimento, tendo como parâmetro a imagem do jovem. Desta forma, a doença, a inatividade, o abandono, as rugas, a flacidez do corpo, a solidão, são algumas das características que definem o "ser velho". As qualidades opostas a estas foram creditadas como bonificações pertencentes aos jovens.

Ocorre, que o sentimento de juventude permanece no íntimo das pessoas e as mudanças na aparência, que vão se operando ao longo do tempo, passam despercebidas para o indivíduo. É o olhar do outro que dá a exata dimensão da passagem dos anos e Simone de Beauvoir retratou na seguinte frase: "O indivíduo idoso sente-se velho através do outro, sem ter experimentado sérias mutações; interiormente não adere à etiqueta que se cola à ele: não sabe mais quem é". (Beauvoir, 1990:358)

Evidentemente envelhecer significa passar por perdas decorrentes, principalmente, de mudanças na aparência física. Cabelos embranquecidos, diminuição da acuidade visual e auditiva, a formação de gorduras localizadas, especialmente nas mulheres, são alguns sinais facilmente percebidos e estão associados à idéia de desgaste e enfraquecimento. Essas mudanças, próprias da velhice, não são consideradas doenças pelos geriatras e gerontólogos, porém interferem na auto estima do idoso podendo gerar problemas como depressão.

No entanto, envelhecer pode significar aquisições que só podem ser obtidas por meio do acúmulo de experiências vividas no decorrer dos anos. O envelhecimento, por ser um processo natural do ciclo da vida, pode ser atravessado com dignidade e prazer porque ele expressa a forma como vivemos as etapas anteriores. É importante entender que as perdas não ocorrem apenas na velhice, mas em todas as fases, do nascimento ao fim da vida. A nossa sociedade valoriza a juventude e reserva à velhice somente o déficit, a falta de expectativas fazendo com que o próprio idoso desista dos seus projetos de futuro. 

Atualmente, o conceito de velhice vem passando por transformações e, embora de maneira lenta, vem estabelecendo uma nova relação da nossa cultura com o envelhecimento.

O aumento do número de velhos, no âmbito da população em geral, vem trazendo uma visibilidade social e gerando uma nova demanda de preocupações e interesses sociais. Podemos citar algumas iniciativas, tanto do poder público quanto da sociedade civil, na formulação de programas e projetos dirigidos aos maiores de 60 anos. Trata-se de espaços que ajudam na ampliação das relações sociais, dando ao idoso a oportunidade de desenvolver, tanto a sociabilidade como algumas potencialidades que lhe dá uma melhor qualidade de vida. 

A participação dos idosos em diferentes atividades, além de fortalecer laços de amizade fora do contexto familiar, abre a perspectiva de novas e enriquecedoras experiências. Colaboram ainda para a formação de uma nova mentalidade a respeito da velhice que deverá influenciar as gerações futuras.

A prática da dança se aplica como exemplo de uma atividade importante para propiciar o bem estar do idoso. O movimento provocado pelo exercício corporal tem se mostrado bastante eficiente para melhorar alguns problemas de saúde, mas sempre com recomendação médica e acompanhamento de profissional responsável. A dança, também facilita ao idoso se liberar, se expressar através do corpo e demonstrar que, apesar do avanço da idade, é possível viver de forma prazerosa e feliz.

Bibliografia:
BEAUVOIR, Simone de. A Velhice. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.
MESSY, Jch. A Pessoa Idosa Não Existe: uma abordagem psicanalítica da velhice. São Paulo, Editora Aleph, 1993.

I Fórum Internacional da Temática Indígena


Fazia tempo que não vinha postar no blog.. andava em fim de semestre, estudando bastante m função dos prazos de provas e trabalhos para entregar. Ufa, no fim deu tudo certo e cá estou eu! 
Nos dias 27 à 30 de junho estive em Porto Alegre com as minhas colegas e companheiras de estudo, Aline e Thamara. Fomos participar do I Fórum Internacional da Temática Indígena. Foi muito bom.
Dentre todos os acontecimentos, gostaria de destacar a presença da Profª Drª Márcia Bezerra, do Coral Mbyá-Guarani da Aldeia do Cantagalo e as falas dos índios Bruno Ferreira, Zaqueu Key Claudino e Vherá Poty.
No dia em que os índios aqui citados falaram, fiz uma postagem no outro blog (Colcha de retalhos).. Quem quiser conferir é só clicar aqui: Sobre as coisas simples de que falo
Claro que, dentre todas as coisas maravilhosas que disseram, destaquei o que é relacionado aos 'velhos' e os modos de vida distintos de ambas as culturas (indígenas e não-indígenas)..
Compartilho com vocês, algumas das frases que mais mexeram comigo..

"Os nossos velhos são os detentores da nossa tradição. Eles são a nossa biblioteca." 
(Zaqueu Key Claudino)

"Os nossos velhos são os verdadeiros sábios da nossa vida. Através deles que a gente não se perde nessa dificuldade que a vida é."

"A mesa não fala. A mesa te tranca. Mas as pessoas não. As pessoas não te fazem apenas ver, mas viver."
(Vherá Poty)

O Bruno participou ativamente de todas as palestras, manifestou todas as suas dúvidas, inquietações e reflexões. De forma brilhante ele relatou um pouco da sua experiência na cidade.. e dentre essas histórias, destaco uma para compartilhar aqui...
"Eu estava com meu amigo e achamos algumas moças bonitas.. fomos falar com elas e elas nos perguntaram 'O que vocês são?' ... Então meu amigo lhes respondeu: 'Somos gente!"

Sem palavras... claro que são gente.. como nós!
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Essa experiencia me cutucou a pensar em algumas coisas... como questões que referem-se à história oficial da América e a forma como é ensinada nas escolas (como se refere aos índios). A todos aqueles que tem ou tiveram como objetivo interferir nos modos de vida dos índios...

Porquê tentar interferir na vida deles ao invés de fazermos um processo inverso?

Quanto aos velhos, por exemplo.. a aceleração e ansiedade, características no estilo de vida em que vivemos, reflete na vida dos velhos de forma tão negativa. Causam infelicidade, frustração os transformando em 'coisas' obsoletas. 
E ainda achamos que podemos ou devemos transformar ou julgar o modo de vida dos indígenas?
Sim, são culturas diferentes, portanto não devemos comparar... mas é inevitável a comparação.
Fico admirada em observar a forma como eles, os índios, tratam seus velhos. 
E perplexa por perceber, através da forma como os indígenas se relacionam com isso, como nós "coisificamos" os nossos velhos... gente como a gente - àqueles a quem deveríamos ter muito respeito.

Deixo aqui apenas um desabafo e mais uma vez um convite a reflexão...
Vamos repensar as formas como nos relacionamos com o mundo a nossa volta.. e fazer pequeno para transformar essa realidade... quem sabe então, aprender com os índios?!

 Apresentação do Coral Mbyá-Guarani da Aldeia do Cantagalo.

O quê estes filmes têm em comum?

O quê estes filmes têm em comum?
"Le fabuleux destin d'Amélie Poulain", "Uma vida iluminada" e "Coisas insignificantes".