Oito ou nove meninos brincando no trapiche, iluminados pela
energia da lagoa que os circundava. Uma pequena garotinha pedalando, guiada
pelo afago materno. Duas jovens correndo, radiantes de alegria. Cenas
acompanhadas pelo mestre sol, que brilhava ao fundo de todo esse movimento. Eu
desejava a minha companheira de registros do efêmero, naquele instante, mas a
câmara não estava na bolsa. Sentia o cheiro da primavera ao volante e decidi
que em palavras faria esse registro, mais tarde. Eis que aqui estou! Cutucando a lembrança, a luz daquele dia me inspirou. É a vida acontecendo, fazendo-se motivo
de prosa, poesia ou canção. É do abajur a luz que ilumina essas linhas agora,
compondo a silhueta dessa intenção. Cor de primavera, afago de verão, alegria
de inverno, outono de inspiração! Está no chá que esfria. Na expectativa da
conversa distante. Na memória da apreciação. Na estética das estações. A natureza movimenta a vida! A
vida é a própria natureza em movimento!
Que venham outros dias de poesia
cotidiana, encher de sublimidade o meu coração!