Já faz tempo que não paro para viajar em mim. Mergulhar dentro de mim mesma, extraindo o que houver de belo, de paz. Agora, estudando e escutando "Adios Nonino" de Astor Piazzolla, senti uma necessidade/desejo/vontade de escrever. A música se encerra e eis que insisto em pô-la outra vez. Aqui, escrever, sentir e sonhar são sinônimos. Escrever o sentimento que brota do sonho desperto pela música. Um instrumental que fala, tocando a alma. Como o entardecer de domingo, que não precisa de letra para ser entendido. Eu falo entrelinhas, sinto a harmonia e me entrego às canções. Canções que calam, que no silêncio vibram, fazendo-se sentir. Invento significados e crio meus mundos. Hoje li um texto da Martha Medeiros, no qual ela falava algo como "Sempre me senti diferente das outras pessoas.. Acho que sinto diferente". Eu também acho que sinto diferente. As palavras não conseguem exprimir esse diferente, esse sentir singular. Mas a música sim. A música chega aos sentidos e fala sem que precise ser anunciada ou explicada. A gente sente e pronto. "Adios Nonino" me provocou, me causou saudade. Me fez sentir a presença do meu pai, que tanto ouvia Piazzolla. Me fez estabelecer conexões, entre outros sons, outros tons, outros sentires.. outros viveres. Em um entardecer de domingo, músicas me tocaram a alma, me causaram saudade, me fizeram voltar a escrever.
*Versão de Adios Nonino que inspirou/provocou "Por um instrumental que fala":
0 comentários:
Postar um comentário